quarta-feira, 8 de junho de 2011

Universo Paralelo

Você me assusta. Eu já disse isso e provavelmente vou repetir sempre que lembrar da gente. Usei todos os meus seis sentidos para entender essa revolução orgânica que você causou no meu corpo, quando olhou pra mim e sorriu, com esses dentes milimetricamente imperfeitos e uma carinha de “eu-consigo-tudo-que-eu-quero”. Porque você é totalmente meu oposto e transita num plano paralelo ao meu, longe de tudo que me é comum e daqueles que já passaram por mim. Talvez, em outro momento, você passasse despercebido, porque você não tem aquela cara de blasé, não tem aquele jeitinho desprotegido de quem quer colo e não é aquele ser emocionalmente complicado, que tem a capacidade de virar meu mundo ao avesso e me fazer viver cinco emoções diferentes antes do meio-dia. Mas, hoje, sem qualquer motivo aparente, eu percebi você. E, antes disso, você me notou e foi em minha direção. E eu, tentando fingir que não vi, olhei pro chão e balancei meu copo, que se resumia a resto de gelo e um dedo de whisky. Daí, você apela e, discretamente, encosta sua mão na minha, fazendo meu coração, que já esta todo alegre e iludidozinho, gritar que não foi só um acidente de percurso.
Aí, você chega mais pertinho, segura meu rosto, e diz que é pra sempre. Não teve mais jeito. Quando alguém faz o peito bater forte assim, a gente tem mais é que mudar os horizontes e fazer nossos planos paralelos se cruzarem. Ou, quem sabe, até pular para o seu.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Carnavalia

neste carnaval
quero afastar a solidão

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dançando conforme a música
no ritmado descompasso da minha Inquietação

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vou me perder em outros bracos
ludibriar arlequins solitários
com as promessas que fiz só para você, meu bem
descerei as ladeiras do imaginário
roubando beijos errados
até encontrar o gosto amargo
que as nossas bocas têm
vou me fantasiar de colombina
pintar meu rosto com a alegria de folião
quem sabe assim eu despisto
meus olhos tristes em meio à multidão
se acaso me vires com outro alguém
acredite: foi mero lapso visual
pois Olinda em fevereiro
Todo semblante fica igual
mas, por favor, não se esqueça
do pacto silente que meu corpo fez
o meu cheiro é somente seu
e o seu é só meu também
portanto, perdoe logo
se eu me exceder ao te encontrar
pois quero reviver tudo e um pouco mais
enquanto a banda não passar
vou me embriagar de ilusões
provar do veneno do mal
me entorpecer do ópio corrosivo
perdendo a nocao do real
porque
morrer de amor, meu bem
não nesse carnaval