domingo, 22 de agosto de 2010

Blue eyes


Eu morri naquele dia. Morri ao olhar pra trás e ver seus olhinhos azuis sorrindo de longe pra mim. Enquanto isso, os meus brilhavam com as lágrimas que não mais se continham neles e que eu tentava esconder, inutilmente, atrás de sorrisos tímidos e debaixo da sombra do meu chapéu. Você deixava comigo um pedacinho do seu coração e me pedia para cuidar dele, sem se dar conta de que, numa troca injusta, já tinha arrancado sorrateiramente grande parte do meu. E assim tem sido em cada partida. Agora, só me resta esperar por mais despedidas, até chegar aquela em que você leva meu último pedaço ou se deixa inteiro, comigo, de vez.

domingo, 13 de junho de 2010

O quão distante é preciso ir
para viver uma vida roubada
milimetricamente inventada
sem que se sinta a culpa de mentir?

São necessárias quantas ilusões
para que se torne verdade
essa versão utópica da tua história
que destoa de toda tua realidade?!

Quanto tempo ainda te falta
Até tua máscara cair
para que aceites de volta a velha vida
E pares então de fugir de ti?

O que te faz pensar
Que devemos ao mundo
E a todos que nele circulam
Mais do que eles puderam nos dar?

Analise o teu redor
Só assim conseguirás entender
A angústia que te corrói
E o vazio que não consegues preencher

Saberás então
Que se esquivar da própria essência
É a maneira mais longa e tola
De se livrar dessa dormente torpeza

Sendo o que não és
Esquecendo o que já se foi
fantasiando o aqui e o agora
sem se importar com o amanhã e o depois

domingo, 2 de maio de 2010

Talvez, eu devesse ter dito algo. Mas, meu orgulho me privou da minha eloqüência peculiar e me impediu de dar algum sinal indicativo de que eu ainda o queria por perto. Porque, apontar mais uma vez seus erros e poucos acertos transformaria meu discurso em um pleonasmo enfadonho, e eu já tinha feito uso de todas as minhas figuras de linguagem tentando apontar o caminho das pedras.


Então, você preferiu construir um amor novo a tentar emendar o nosso.


Achou melhor abrir feridas em outros corações, porque os da gente já estavam estilhaçados demais com tantas inverdades ditas com o único propósito de machucar, numa disputa interminável para vencer discussões que não levariam a lugar nenhum, a não ser ao nosso fim.


E eu pensei que não fosse agüentar. Tornou-se insuportável vê-lo ocupar um lugar que não aquele que eu tinha reservado para você, ao meu lado.


Meu coração vacilava e diminuía o pulso com cada tentativa inconsciente sua de nos destruir e se afastar de mim. Mas, eu resisti.


E, agora, você não entende enquanto eu tento mostrar que, remendar os pedaços que sobraram de nós não dá nem para formar um romance clichê de sessão da tarde.

domingo, 28 de março de 2010

Isso vai passar.

Esse aperto no peito vai afrouxar enquanto você for se distraindo, seguindo pela vida e pelos braços de outros amores, oferecendo um pedacinho de sua dor e ilusão, em troca do amor recebido, mas que você não correspondeu.

E vai passar tão rápido que não dará tempo de colecionar lembranças, para depois ter que provar aquela sensação amarga de conforto e agonia que a nostalgia traz.

Aquele nó na garganta, que dá quando se engole o choro, vai desatar, porque não existirão mais caquinhos para catar do amor que você deixou ruir e quebrar nas suas mãos.

E, assim, você vai continuar, embolando-se em sentimentos e lençóis alheios, só para não mais sentir tudo isso que você está sentindo agora, enquanto eu digo que chegou o fim.