segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Eu nunca imaginei que, dentre alguns olhares perdidos e outros tanto mal intencionados, seriam meus os olhos que os seus buscavam.

Jamais pensei que seria eu quem você tiraria do meio da multidão, para encaixar no seu mundo de sonhos e ideologias.

Eu não sabia que, tentando me esconder de você, seria como eu o faria me encontrar.

Porque, até então, esses breves encontros de olhares, que me faziam perder o fôlego e todos meus seis aguçados sentidos, eram coisa só minha. Mas, ao me confessar isso tudo, você transformou numa coisa nossa.

E automaticamente, tirou meus pés do chão, até que pisassem o plano do improvável, onde seus lábios tocam os meus, com uma delicadeza de quem explora uma descoberta; enquanto eu consigo sentir, no meu pescoço, sua respiração acelerar ao ponto de você chegar ao meu ouvido e proferir, num tom quase que inaudível,verdades até então só suas, mas que agora ecoavam entre quatro paredes.

Essas quatro paredes, que nos protegem da realidade, onde não somos nada, além de doce ilusão. Onde não passamos de mera fantasia, travestida de luxúria, tentação e vaidade, despojadas em mal traçadas linhas, num pedaço de folha qualquer.

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