domingo, 2 de maio de 2010

Talvez, eu devesse ter dito algo. Mas, meu orgulho me privou da minha eloqüência peculiar e me impediu de dar algum sinal indicativo de que eu ainda o queria por perto. Porque, apontar mais uma vez seus erros e poucos acertos transformaria meu discurso em um pleonasmo enfadonho, e eu já tinha feito uso de todas as minhas figuras de linguagem tentando apontar o caminho das pedras.


Então, você preferiu construir um amor novo a tentar emendar o nosso.


Achou melhor abrir feridas em outros corações, porque os da gente já estavam estilhaçados demais com tantas inverdades ditas com o único propósito de machucar, numa disputa interminável para vencer discussões que não levariam a lugar nenhum, a não ser ao nosso fim.


E eu pensei que não fosse agüentar. Tornou-se insuportável vê-lo ocupar um lugar que não aquele que eu tinha reservado para você, ao meu lado.


Meu coração vacilava e diminuía o pulso com cada tentativa inconsciente sua de nos destruir e se afastar de mim. Mas, eu resisti.


E, agora, você não entende enquanto eu tento mostrar que, remendar os pedaços que sobraram de nós não dá nem para formar um romance clichê de sessão da tarde.

4 comentários:

  1. 'we could have been extraordinary together rather then ordinary apart'
    (bi)

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  2. o pior dos velhos amores são justamente as feridas que ficam... bom ver que você voltou a postar, querida
    bjs

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  3. que coisa bonita carol!jeito simples de dizer coisas tão complexas.Agente nunca sabe quando um novo amor começa por vontade próprio ou por vontade nossa.Mas o bom é que nenhuma desilusão nos tira a capacidade de voltar a se apaixonar.

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  4. Elogiar textos da Carolzinha é fácil. Muito fácil, diria. Ela escreve super bem e consegue destrinchar com simplicidade - e em poucas linhas! - o que mais nos dá medo nas relações e na vida: os porvires.
    Mas, devo emendar o comentário de Thaisa. Sabemos sim quando um novo amor começa, e eu te falo. Surge o novo amor quando voltamos a nos amar - isto é, quando recuperamos o amor próprio. E vou além. É errado encarar o fim de uma relação como uma 'desilusão'. Em verdade, aí é que começa a 'ilusão' - isto é, a fantasia de que sozinha estarás melhor. E esta é representada justamente naqueles pensamentos do 'fico melhor sozinha', ou o clássico 'nunca mais vou gostar de alguém'. 'Desilusão', portanto, é o voltar a amar a si mesmo quando se começa a reconhecer no outro sua incompletudo. Ilusão é a autosuficiência sentimental. O fim de qualquer relação é apenas exercício de rotina da vida.

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